quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

dia 1

ilustração de Manuel João Ramos do livro "o bebé que... não sabia quem era" com textos de Rui Zink.

Até agora tudo bem! A mãe antes de sair, e ter deixado sopas no congelador e uma lista de menús para os próximos dias, perguntou: queres que te deixe o número da Ana? (n.d.r. uma amiga que vive aqui perto). Não, respondi. Eu tenho o blogue!
A Calita sabe que eu tratarei de tudo sem problemas. E que não precisava de deixar as sopas e muito menos a lista (que dificilmente será respeitada). Mas é impossível não ficar esta sensação estranha de ansiedade e receio que aumenta o cuidado e a preocupação. Eu nunca estive ausente cinco dias (terei de o sublinhar muitas vezes para manter o trunfo deste lado). Mas estive, já com o agregado familiar elevado a cinco, dois dias fora e senti o mesmo. Mesmo quando eles estiveram longe e tinham as avós e tios por perto. Sinto que a minha presença torna tudo mais fácil. Porque somos dois. A Calita, nesta altura a sobrevoar a Europa, sentirá isso. Que a sua ausência tornará alguns dos nossos minutos mais intensos, mais confusos. E sente, claro, aquele medo de estar num sítio de onde não poderá sair rapidamente para ajudar se alguma coisa má acontecer. Afinal os sentimentos dos pais e das mães podem ser muito semelhantes.

E, por mais que saibamos que são cinco dias, a despedida no aeroporto provoca sempre uma ténue irritação das glândulas lacrimais.

3 comentários:

  1. Até eu acabei de ficar com uma lágrima no canto do olho... Mas isso é porque eu sou muito sensível, como diz o Marco :p

    Se for preciso, nós enviamos taparueres, ao estilo da entrega de almoços na Índia :)

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  2. Caro pai, já avisei a mãe, mas este é um nicho de mercado pronto a ser explorado. Não há na blogosfera portuguesa nenhum blog (que eu conheça) de um homem a falar de assuntos domésticos (que não seja em tom de comédia) e que, de facto fique sozinho a tratar de 3 filhos. Eu diria, assim de repente, que com algum esforço e dedicação este blog não acabará a 7 de Fevereiro e terá, dentro de alguns meses grandes potencialidades para receber patrocinadores e todo o tipo de marcas interessadas em investir nesta nova imagem masculina. Força! Nós, as mães, estamos atentas ao fenómeno:)

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    1. Obrigado. Ainda que encontrasse em mim a vontade e certeza desse potencial, não sei se tenho essa vocação. Além de que fiquei até assustado com a ideia de ser o representante desta "nova imagem masculina". :)

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